Os números e a realidade do que é a Centrais Elétricas de Carazinho (Eletrocar), que já foi a maior empresa pública do município, foram o tema do Ideias na Mesa desta segunda-feira (18) na sede da ACIC. O convidado se fez acompanhar dos diretores Cláudio Joel de Quadros e Jonas Lampert.
Danilo Flores começou falando sobre a sua saída da presidência da empresa, cargo que assumiu há menos de dois meses. ”São questões legais e não políticas”, afirmou. De acordo com o Tribunal de Contas, a lei das Estatais não permite adequação às exigências legais para assumir o cargo, sendo que o não cumprimento pode gerar responsabilidades tanto para o presidente em exercício quanto para o prefeito que o indicou, resultando em multas para ambas as partes. Portanto, Danilo confirmou que seu afastamento deve acontecer no próximo dia 29, em Assembleia Extraordinária, oportunidade que o diretor da área Técnica e Comercial, Cláudio Joel de Quadros, que é funcionário de carreira da Eletrocar, deverá assumir interinamente por cerca de trinta ou sessenta dias.
”A Eletrocar é viável”, projetou o presidente. ”Seu faturamento é viável. Ela só não está viável pela forma como foi conduzida até então, que priorizou as concessões em detrimento do fluxo de caixa. E a empresa veio perdendo ativo mês a mês”, explicou, acrescentando que a empresa só não fechou suas portas porque houve o ingresso de R$ 19 milhões com a venda de duas PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas. ”Dos 70 milhões de dívidas que a Eletrocar tem hoje, grande parte é referente a multas acumuladas do ICMS, uma vez que o pagamento da folha dos funcionários foi priorizada”, revelou.
Segundo Danilo, atualmente a dívida é de cerca de R$ 35 milhões. Ele chamou a atenção ainda para a inadimplência do usuário que se utiliza de recursos da lei para ir negociando a dívida e empurrando-a para frente, o que segundo ele, já gerou um déficit de R$ 68 mil só nos primeiros cinco meses deste ano. Lembrou que já é cultural a inadimplência no pagamento da conta de luz. ”A Aneel está de olho nos prazos de religamentos, o que pode interferir até na perda de concessão da empresa”.
Outro problema que preocupa a atual direção é o desvio de função que vem sendo enfrentado, onde funcionários chegam a receber duas vezes pela mesma função. ”Há excessos de gastos com telefonia. São muitos desmandos. Questões simples, que com novas políticas de gerenciamento podem ser resolvidas”, afirmou.
O faturamento da empresa, de acordo com o diretor presidente, se aproxima de R$ 11 milhões mensais. Destes, ela só pode lançar mão de 14%, ou seja R$ 1,6 milhão. ”Só a folha de pessoal custa R$ 1 milhão. Em 2006 um novo plano de salários atingiu em cheio as finanças da empresa. Hoje só o serviço de faxina custa R$ 13mil, e não pode ser terceirizado porque todas as funcionárias são integrantes da CIPA”, explicou Danilo. Como forma de salvar a empresa foi lançado recentemente o PDI, Pedido de Desligamento Incentivado, onde o próprio funcionário financia sua saída. Se isso não acontecer voluntariamente, a própria empresa terá que tomar esta atitude. Dos 121 atuais, pretende ficar com apenas 91 colaboradores. O presidente comentou também que a frota de 24 veículos não possui rastreamento, o que já poderia ter sido implantado a baixo custo, e geraria uma redução de gastos de combustível de no mínimo 10%.
Danilo foi taxativo, dizendo que se não forem tomadas ações com mão de ferro, em quatro ou cinco anos a empresa será extinta. ”Nosso trabalho está focado na equalização do fluxo de caixa, e nas questões de inadimplência, como o reparcelamento do ICMS. Estamos fazendo um último esforço” concluiu.
O Ideias na Mesa é um evento semanal da ACIC, que conta com o patrocínio das empresas Hipermercado Boa Vista, Carazinho Veículos, Sicredi, SM Construções e Telha Certa.
Fonte: Ascom ACIC
