Depois de sofrer graves perdas na safra de grãos no ano passado devido à seca, o Rio Grande do Sul deverá ter, em 2013, a segunda maior safra de sua história. Conforme o quarto levantamento mensal da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado nesta quarta-feira, os produtores gaúchos vão colher 27,259 milhões de toneladas, um crescimento de 30,5% em relação a 2012.

Se esse resultado for confirmado, ficará abaixo apenas do recorde obtido em 2010, quando foram colhidas 28,8 milhões de toneladas no Estado. “Estamos restabelecendo um ciclo de crescimento na produção que foi interrompido em 2012 com a seca”, afirma Glauto Lisboa Melo Júnior, superintendente regional da Conab no Rio Grande do Sul.

O principal destaque fica com a soja, onde a área plantada foi a maior da história, chegando a 4,6 milhões de hectares. “Os bons preços praticados no mercado para o grão e as condições favoráveis de clima incentivaram os produtores, que devem plantar cerca de 400 mil toneladas a mais do que no ano passado”, destaca Melo Júnior.

A produção da oleaginosa também pode ser recorde, chegando a 12,19 milhões de toneladas, um crescimento de 86,8% em relação a 2012. Conforme o superintendente da Conab, o avanço da soja determinou uma redução do plantio de milho no Estado.

Mesmo com condições mais favoráveis para a cultura, os produtores reduziram em 7,2% a área ocupada com o grão, que é estimada em 1,033 milhão de hectares. “No milho estamos muito aquém do potencial gaúcho, e uma seca prolongada no plantio na região Noroeste pode prejudicar os níveis de produtividade, mas, em geral, as lavouras estão em boas condições”, comenta. Mesmo com a diminuição da área, a produção do grão deve ser 40,6% maior em 2013, alcançando 4,701 milhões de toneladas.

Já o arroz deve ter variações mais estáveis. Conforme o levantamento, são esperadas leves altas de 1,3% na área plantada (chegando a 1,066 milhão de hectares) e de 3,7% na produção (com um total de 8,026 milhões de toneladas).

Os números apresentados poderão sofrer novo incremento em fevereiro, quando for divulgado o quinto levantamento mensal da Conab. “Em função das precipitações acima da média esperada em diversas regiões, que têm beneficiado as lavouras em uma fase de desenvolvimento importante, deveremos ter novo ajuste na produtividade no próximo mês”, confirmou o superintendente regional da companhia.

Conforme o levantamento da Conab, a produção nacional de grãos em 2012/2013 deve alcançar recorde de 180,41 milhões de toneladas, o que corresponde a um crescimento de 8,6% em comparação com o período anterior, que foi de 166,17 milhões de toneladas.

Mesmo com temperaturas elevadas e chuvas irregulares em várias regiões do País, não há comprometimento da produtividade da safra de grãos brasileira, de acordo com o diretor de Política Agrícola e Informações da companhia, Silvio Porto.

De acordo com a Conab, a situação atual das lavouras é de desenvolvimento e floração. Nesse sentido, a normalização das chuvas e o bom comportamento climático são fundamentais para a manutenção do desenvolvimento das culturas. No entanto, conforme Porto, ainda é muito cedo para avaliar os efeitos que as condições climáticas nas principais regiões produtoras terão na colheita final. “Qualquer informação sobre quebra de safra neste momento é precipitada”, disse.

O crescimento esperado para a safra se deu basicamente em cima da projeção de maior expansão da colheita de soja, que deve ter um aumento de 16,28 milhões de toneladas, devendo alcançar 82,68 milhões de toneladas. Já o milho, na safra de verão, deve alcançar 34,73 milhões de toneladas, representando um incremento de 2,5%, comparado com o período anterior.

A área cultivada total de grãos em 2012/13 é de 52,01 milhões de hectares, registrando um aumento de 2,2% ou 1,13 milhão de hectares se comparado à safra anterior.

A área da soja é também a maior e apresentou um crescimento de 9,2% ou 2,31 milhões de hectares ante o período 2011/2012, quando foram cultivados 25,04 milhões de hectares.

Os técnicos da Conab observam que as lavouras de milho perderam espaço para a soja em todos os estados onde ocorreu competição por área, com exceção de São Paulo, Bahia e Distrito Federal.

(Jornal do Comércio)