No trânsito

Postado em 16 julho 2016 07:42 por JEAcontece
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Agora precisamos dirigir os veículos com o farol baixo ligado. É mais uma lei de trânsito que objetiva uma direção mais segura para evitar acidentes. As estatísticas mostram que são mais de 40 mil óbitos por ano. Aos óbitos se somam os feridos e, muitos deles, com consequências graves.

A minha Carteira Nacional de Habilitação foi feita antes da legislação atual. Na data da sua renovação, em vez de fazer simplesmente uma prova, dispus-me a fazer as aulas teóricas. O objetivo era renovar a CNH dentro do espírito do Código de Trânsito Brasileiro. Se não me falha a memória, foram um total de 15 horas aula. Foram muito proveitosas as explicações teóricas, a apresentação da legislação, direção defensiva, os vídeos com cenas de acidentes, os exercícios de conhecimento da legislação. A meu ver faltou, nestas aulas teóricas, uma reflexão antropológica. Quem sou eu que estou dirigindo? Quem é que está no outro veículo? Quais são os fundamentos da ética do trânsito?

A Igreja Católica tem a tradição de abençoar pessoas, locais, objetos. A bênção dos veículos reza assim: “Ó Deus todo poderoso, criador do céu e da terra, que em vossa multiforme sabedoria confiastes ao homem a realização de grandes e belas coisas, concedei que todos os usuários deste veículo percorram com cautela o seu caminho e preservem a segurança do caminho aos outros; e, indo ao trabalho ou ao descanso, tenham sempre por companheiro de caminhada a Cristo, que vive e reina para sempre. Amém”

A breve oração da bênção do veículo, em primeiro lugar, reconhece a capacidade inventiva do homem. Os meios de transporte criados deram um grande impulso e servem para encurtar distâncias e permitir a reunião e a comunicação entre as pessoas. São estradas e veículos que vão se aperfeiçoando cotidianamente. Logo a seguir, a bênção alerta aos usuários que percorram com cautela o seu caminho. Se a capacidade inventiva é grande, não faz do inventor ou do usuário um sujeito perfeito e imune a erros. O veículo utilizado, seu condutor e o lugar por onde trafega tem limitações e nestas condições a cautela é imprescindível.

Os usuários – entenda-se motoristas, passageiros e pedestres – devem preservar a segurança do caminho aos outros. É a dimensão da alteridade. O outro que cruza por mim, que está em outro veículo, é um ser humano com a mesma dignidade. A segurança dele depende de mim. Como diz uma máxima bíblica: “Tudo, portanto, quanto desejais que os outros vos façam, fazei-o, vós também, a eles” (Mt 7,12). A estrada é um espaço privilegiado de avaliação da nossa educação, do respeito ao outro e do valor da vida.

Dia 25 de julho é dia de São Cristóvão e do Motorista. Um país que anda sobre rodas necessita um empenho ainda maior para termos um trânsito mais seguro. As estatísticas também apontam uma diminuição do número de acidentes e mortos, sinal de que somos capazes de amenizar o quadro ainda trágico do trânsito.

Considerando a condição humana e as estruturas viárias, nunca é demais dizer: “Dai-me Senhor, firmeza e vigilância no volante, para que eu chegue ao meu destino sem acidentes. Protegei os que viajam comigo. Ajudai-me a respeitar a todos e a dirigir com prudência. E que eu descubra vossa presença na natureza e em tudo o que me rodeia. Amém”.

Dom RODOLFO LUÍS WEBER, arcebispo de Passo Fundo

Postado em 16 julho 2016 07:42 por JEAcontece
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