Ex-diretor da Petrobras confirma propina a partidos

Postado em 10 outubro 2014 06:26 por JEAcontece
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Paulo Roberto Costa disse que pagamentos eram divididos na proporção de “1% para um e 2% para outro”

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, afirmou nesta quarta-feira à Justiça Federal que pagou
propinas a três partidos políticos “grandes”, PT, PMDB e PP. Costa disse que foi indicado para o cargo, em 2004, pelo então deputado José Janene (PP/PR) – morto em 2010, Janene foi réu no processo do mensalão do PT, no Supremo Tribunal Federal.

O ex-diretor da estatal petrolífera afirmou que chegou ao cargo com a missão de montar um esquema de pagamento de propinas para políticos.

Ele declarou que os pagamentos para os partidos eram divididos na proporção de “1% para um e 2% para outro” – sobre
valores superfaturados de contratos da Petrobras com empreiteiras e fornecedores. Costa declarou que o esquema financiou a campanha eleitoral de 2010 de parlamentares e partidos. O ex-diretor é o personagem central da Operação Lava Jato, deflagrada em março de 2014. Durante oito anos ele ocupou o cargo estratégico na estatal. Segundo a Polícia Federal, Costa e o doleiro Alberto Youssef são os mentores de organização criminosa que se infiltrou em órgãos públicos.

Costa fez delação premiada ao Ministério Público Federal, homologada pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal., Ele não pode mencionar os nomes de políticos que teriam recebido dinheiro de corrupção.”Muita gente”, ele disse. A competência para investigar ou processar parlamentares é exclusiva do Supremo Tribunal Federal, por isso ele não pode citar os nomes à Justiça Federal.

Ontem, Costa depôs durante duas horas no processo em que é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro desviado das obras da refinaria Abreu e Lima. Depois da audiência, em Curitiba, ele foi removido pela PF para o Rio, onde cumpre prisão em regime domiciliar.

Ele apontou os nomes de outros diretores e ex-diretores da Petrobras que, segundo ele, faziam parte do esquema. Afirmou que recebeu “pessoalmente de Sérgio Machado (presidente da Transpetro) a quantia de R$ 500 mil.” Citou Sérgio Cerveró, ex-diretor de Internacional da empresa.

Youssef também depôs. Ele e Costa revelaram valores da propina, como operava o esquema, onde eram feitas as reuniões do grupo e indicaram atas, notas fiscais e outros documentos que, segundo eles, confirmam quem pagava e quem recebia. Deram detalhes das empresas offshores por onde transitaram valores da corrupção e as contas. “Não é um depoimento de ouvir dizer, várias vezes eles (Costa e Youssef) disseram ‘eu sim’, ‘eu fiz’, ‘conversei’, ‘estive’”, relatou o criminalista Antonio Figueiredo Basto, que defende Youssef e acompanhou a audiência.

Costa afirmou que em “outras diretorias” da Petrobrás também havia esquema de propinas. “Havia um esquema de grupos atuando na Petrobrás, cada um com seus interesses, cada um com seu operador.” Ele e Youssef negaram serem os líderes da organização. “Os líderes estão fora desse processo, são agentes políticos, não são as empresas também”,, afirmou Youssef, segundo seu advogado. “O Paulo (Costa) deixou bem claro que esse esquema financiou a campanha de 2010, só não pode dizer de quem, mas de muita gente.” Costa citou nomes de empreiteiras que teriam pago comissões, entre elas a Camargo Correa. “As empresas e fornecedores estavam
submetidas até à quebra se não pagassem propina. Quem não paga não participa.”

Costa apontou ainda os nomes de outros ex-diretores da Petrobras – Renato Duque (Engenharia), José Eduardo Dutra (BR Distribuidora) e Nestor Cerveró (Internacional) e Jorge Zelada que manteriam esquemas paralelos de propina na estatal, alguns em cruzamento com o esquema movimentado por ele e Youssef. Costa afirmou ainda que não tinha autonomia na Petrobrás para montar os esquemas de desvio e citou o nome de outros quatro diretores da estatal. Por meio de assessores, o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, revelou indignação. Ele foi enfático. “Essa história é uma maluquice, é uma fantasia absurda. Não tem pé nem cabeça. Nunca houve nada disso.”

(Estadão)

Postado em 10 outubro 2014 06:26 por JEAcontece
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