“Mantenho o que eu disse”, diz deputado que criticou quilombolas, índios e homossexuais

Postado em 13 fevereiro 2014 16:01 por JEAcontece
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Causou grande repercussão nas redes sociais um vídeo em que Luis Carlos Heinze também incentiva a criação de milícias rurais

Mesmo diante das críticas nas redes sociais e no site do Greenpeace, o deputado federal gaúcho Luis Carlos Heinze (PP) afirma manter o que disse em Vicente Dutra, no norte do Rio Grande do Sul, em novembro passado. Na ocasião, ele participou de uma audiência pública sobre a demarcação de terras indígenas no país e orientou os agricultores a contratarem seguranças privados para se defenderem dos índios. Ele também se referiu a índios, quilombolas e homossexuais como “tudo que não presta” e vinculou suas causas ao governo federal, em especial ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho.

Procurado por Zero Hora, Heinze falou sobre o caso por telefone e confirmou o discurso gravado em novembro. Confira os principais trechos da entrevista.
Zero Hora — No seu discurso, o senhor se refere aos gays, índios, quilombolas e às lésbicas “como tudo que não presta” e os vincula ao governo federal. Por quê?
Heinze — Isso foi força de expressão. O que eu estou dizendo é que lá dentro se aninham essas coisas. Todas as coisas ruins estão ali. Esse tipo de coisa. Não sou contra índio. Defendo os índios e os quilombos, mas em um processo decente.

ZH — Mas por que o senhor citou os homossexuais nesse caso?
Heinze — Esses movimentos todos estão ali dentro. Eu não sou conta. Se quer ser bicha, se quer ser lésbica, eu não tenho problema nenhum.

ZH — O senhor mantém o que disse no vídeo?
Luis Carlos Heinze — Sim. Fui lá, falei e mantenho o que eu disse. A demarcação de terras indígenas é um problema sério no Brasil inteiro. Não é só no Rio Grande do Sul. Agora o pessoal está em desespero no Maranhão, onde tem 500 homens do Exército para tirar 1.200 famílias e botar 40 índios em 116 mil hectares. É um crime. E isso é o governo. Isso nasce lá dentro do Palácio, com o ministro Gilberto Carvalho. É preciso ter lado nessa história, e eu tenho. Eu assumo a minha posição. Estão roubando os produtores, esse é o fato. Sou contra e mantenho o que digo.

ZH — Nas redes sociais, a conclusão é de que o senhor incitou o uso de milícias e de violência contra os índios. É isso mesmo?
Heinze — Não, eu não quero violência. Mas tu tens uma casa, que ralou para comprar, agora alguém vai invadir a tua casa e te colocar na rua. O que tu vais fazer? Tu vais pedir proteção do Estado. Só que hoje ninguém dá amparo. Eu ouvi, em Getúlio Vargas, a história de um agricultor que se suicidou por não saber o que fazer, por desespero. Isso não dói na gente? Imagina o drama dessas famílias. São pequenos produtores. Alguém tem de proteger. Não digo milícia. Eles contratam empresa de segurança. Hoje, se tu fizeres um grande evento, tu não contratas segurança privada? Contrata. São seguranças, pronto. E fazem o que tem de fazer.

ZH — Mas isso levaria a derramamento de sangue, não?
Heinze — Mas o que faz o governo? Eu estou há cinco, seis anos batendo em cima desse fato. E o que faz o governo? É muita injustiça. O Exército brasileiro está no Maranhão com 500 homens, tanques de guerra, com helicóptero, uma verdadeira operação contra gente pobre, miserável, humilde. Eu fico engasgado com isso. Tu achas que está certo?

ZH — O senhor não vê outra alternativa?
Heinze — A alternativa é a seguinte: governo sério, governo decente, compra terra e bota quem ele quer em cima. Não vai tirar as terras da forma como estão fazendo, em cima de laudos antropológicos fraudulentos. O governo que compre terra e bote quem quiser lá, quilombola, indígena, não tem problema.

(Clicrbs)

Postado em 13 fevereiro 2014 16:01 por JEAcontece
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